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Abraão, o hebreu

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Assim partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito… (Gênesis 12.4a).

Ao longo da história, Deus tem buscado pessoas comuns para cumprir propósitos extraordinários. Em Gênesis 12, encontramos o chamado de Abrão, um homem que vivia em Ur dos Caldeus, uma região marcada pela riqueza cultural, prosperidade econômica e adoração a múltiplas divindades. Foi encontrado por Deus e desafiado para uma jornada de fé, que exigiu abandonar muito mais do que apenas o mundo politeísta.

Sua renúncia foi o ponto de partida. Precisou deixar para trás elementos profundamente arraigados em sua vida. Deixou segurança e estabilidade, pois vivia em uma terra próspera e organizada. Deixou laços familiares, pois teve que desligar-se de sua parentela, colocando a obediência a Deus acima de seus relacionamentos mais próximos. Deixou sua identidade cultural, pois abandonou a cosmovisão e os valores de sua sociedade para construir uma nova identidade em Deus, baseada na fé e na promessa divina. Deixou o conforto do conhecido, pois renunciou ao previsível, aceitando viver como peregrino, dependendo de Deus a cada passo. Sua renúncia não foi apenas geográfica, mas espiritual, ele deixou para trás tudo o que representava sua antiga vida para abraçar um propósito maior. Deus o chamou para um destino desconhecido. Foi necessário confiar no sustento e na proteção divina em meio à incerteza.

Seus ganhos foram inegáveis.Abrão não apenas abriu mão; ele avançou para receber aquilo que Deus havia preparado. Foi o primeiro personagem bíblico explicitamente chamado de hebreu (Gênesis 14.13). Como hebreu – no hebraico significa aquele que atravessa, que passa para a outra margem – ele cruzou fronteiras físicas e espirituais: na dimensão física, atravessou o Eufrates ao deixar Ur dos Caldeus; na dimensão espiritual, passou para a outra margem ao romper com o politeísmo e adotar a fé em um Deus único. Suas conquistas incluíram um novo Deus, o verdadeiro e único; uma nova aliança, cujas promessas todas se cumpriram; uma nova terra, a prometida; uma nova identidade, transformado de Abrão (pai exaltado) em Abraão (pai de uma multidão); uma nova descendência, filho improvável de sua velhice. Abraão não apenas conquistou bênçãos para si, mas também abriu o caminho para que o plano redentor de Deus se cumprisse na humanidade.

Seu legado foi notório. Abraão se tornou conhecido como o pai da fé, de todos os que creem em Jesus (Romanos 4.11-12). Sua disposição em obedecer a Deus sem questionar garantiu-lhe uma posição central na história da redenção. Tornou-se modelo de fé: Abraão é mencionado repetidamente nas Escrituras como exemplo de alguém que creu contra toda esperança. Ele demonstrou que a fé autêntica não é passiva, mas se manifesta em obediência prática.Oportunizou bênção às nações. A promessa de Deus era que todas as famílias da terra seriam abençoadas por meio dele. Essa bênção culmina na vinda de Jesus Cristo, descendente de Abraão, que trouxe salvação a toda a humanidade.Transformou-se em inspiração eterna. Até hoje, a história de Abraão inspira milhões a trilhar o caminho da fé, confiando nas promessas de Deus mesmo em meio a desafios.

Há muita coisa para aprender com Abraão. O encontro de Deus não é apenas uma transição física, mas uma transformação espiritual. Ele nos desafia a deixar para trás nossa segurança, nossos medos e até mesmo nossas certezas humanas, para trilhar um caminho de confiança e obediência. Abraão nos ensina que seguir a Deus exige renúncia, mas também nos conduz a conquistas e a um legado eterno.

Pr. Rodolfo Montosa

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