Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança (Tiago 1.17).
Lembro-me daquela manhã chuvosa quando abri meus olhos e ali estava ela: minha primeira bicicleta Caloi, azul, pequena, com rodinhas. Imediatamente, pulei da cama e saí do quarto pedalando, ziguezagueando pelo corredor do apartamento, com um sorriso pendurado em cada orelha. Mais de cinquenta anos se passaram e a cena nunca saiu da minha mente. Quem não gosta de ganhar um presente? Ora, se nossos pais de sangue sabem nos dar bons presentes, quanto mais o Pai celestial não nos dará (Lucas 11.13). Esse pequeno versículo de Tiago revela a fonte, variedade e progressividade dos presentes especiais de Deus, muito além do que alguém poderia imaginar.
A fonte dos presentes é a melhor: lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Vem do alto aquilo que não existe por aqui. O que é dado por Deus não pode ser comprado, não pode ser conquistado, não pode ser merecido. É dado por graça deliberada, oferecido de boa vontade, ofertado gratuitamente. Gratuito para nós, com alto preço para Cristo. O preço pago foi o precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo (1 Pedro 1.18-19). Gratuito para nós por ser impagável. Não há recursos no mundo que poderiam pagar, pois o preço para resgatar uma vida é altíssimo, e ninguém é capaz de pagar o suficiente (Salmos 49.8 – NVT).
A variedade dos presentes é a mais rica: toda e todo. Os dons e dádivas de Deus são incontáveis. Vejamos seis grandes categorias (não exaustivas): (1) dom de Jesus – Se você conhecesse o dom de Deus e quem é que está lhe pedindo água para beber, você pediria, e ele lhe daria água viva (João 4.10 – NAA); (2) dom da salvação – Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus (Efésios 2.8); (3) dom do Espírito Santo – Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo (Atos 2.38); (4) dom do ministério – Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro (1 Coríntios 7.7); (5) dom da saúde e riqueza – E também que é dom de Deus que possa o homem comer, beber e desfrutar o bem de todo o seu trabalho (Eclesiastes 3.13); (6) dom de liderança e poder – Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força e a glória; a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que eles habitem, e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses sobre todos eles, tu és a cabeça de ouro (Daniel 2.37-38).
A progressividade dos presentes é a mais surpreendente: boa dádiva e dom perfeito. É interessante observar que Tiago traz uma graduação nesses dons. O primeiro é o bom (boa dádiva). O segundo é o perfeito (dom perfeito). Dom bom e dom perfeito. Vamos ampliar o conhecimento dessa graduação do que podemos ter a título de exemplo: inteligência é bom, sabedoria é perfeito; conhecimento é bom, discernimento é perfeito; provisão é bom, contentamento é perfeito; amizade é bom, comunhão é perfeito; ouvir a Palavra é bom, praticá-la é perfeito; paz momentânea é bom, paz que excede todo o entendimento é perfeito; talento é bom, unção é perfeito; amor humano é bom, amor divino é perfeito; ter direção é bom, ter propósito é perfeito; a Antiga Aliança foi boa, a Nova Aliança é perfeita; o sangue de animais foi bom, o sangue de Cristo é perfeito; o perdão provisório foi bom, o perdão definitivo é perfeito; o Espírito Santo entre nós é bom, o Espírito Santo em nós é perfeito. Enfim, a lista não tem fim.
Como é bom saber que, a partir de Jesus e do Espírito Santo, já desceram sobre nós toda boa dádiva e todo dom perfeito. Todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais já nos foram dadas por Deus. Tudo aquilo de que necessitamos e muito mais já estão disponíveis. Motivo de gratidão: obrigado, Senhor. Motivo de petição: que nada em mim impeça que do alto venham os seus presentes.
Pr. Rodolfo Montosa