Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos (1 Coríntios 12.4-6 – NAA).
A missão que Cristo confiou à Igreja é grandiosa demais para ser cumprida com forças humanas. Fazer discípulos de todas as nações, testemunhar o evangelho até os confins da terra, edificar o corpo de Cristo e socorrer os necessitados exige algo que ultrapassa nossas capacidades naturais. Por isso, o próprio Deus, em sua graça, não apenas nos chama, ele nos capacita. Esse trecho da carta de Paulo revela que essa capacitação é uma obra tríplice da Trindade, em que o Espírito concede os dons, o Filho inspira o serviço e o Pai opera os resultados. Vejamos:
O texto nos revela que o Espírito Santo concede os dons: Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo (v 4). Os dons são capacidades espirituais concedidas por graça, e não por mérito. Aliás, razão pela qual são chamados de “dons” e não “prêmios”. São manifestações da ação sobrenatural do Espírito na vida de cada crente. Os dons espirituais mencionados nos versículos 8 a 10 (1 Coríntios 12) se distribuem em três categorias principais: os de revelação (sabedoria, conhecimento e discernimento), que trazem direção e entendimento espiritual; os de poder (fé, curas e milagres), que manifestam o agir de Deus; e os de expressão (profecia, línguas e interpretação), que comunicam mensagens divinas – muitas vezes com conteúdo revelacional – para edificação da igreja. Essa relação de dons não é exaustiva. São diversos dons, porque a necessidade do corpo é variada e o Espírito é sábio em distribuir como quer, quando quer e a quem quer (v 11).
Paulo indica que o Filho inspira o serviço: E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo (v 5). Aqui está o chamado à ação: recebemos dons para colocá-los em prática. O serviço é o campo onde os dons são exercidos. O dom espiritual é como um regador cheio de água cuja utilidade está em derramar-se sobre a planta ao lado, fazendo-a florescer. Jesus é a maior inspiração, pois, sendo ele Senhor e Mestre, não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Marcos 10.45 – NAA). No impactante episódio do lava-pés, Jesus disse: lavei os pés de vocês, também vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz (João 13.14-15 – NAA). Jesus é a maior inspiração no serviço.
O trecho conclui mostrando que o Pai opera as realizações: há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos (v 6). O dom é colocado a serviço, mas é o Pai quem produz os resultados eternos. Paulo sabia muito bem sobre isso, quando declarou: Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento (1 Coríntios 3.6-7 – NAA). Esses resultados podem ser visíveis ainda em nosso tempo – como vidas transformadas, curas, reconciliações, conversões – ou gerar frutos que só florescerão plenamente em gerações futuras – como uma intercessão feita em silêncio que impede um desastre que só será conhecido na eternidade. Afinal, Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós (Efésios 3.20 – NAA).
Diante disso, não há espaço para vaidade nem para desânimo. Não nos gloriamos nos dons, pois são dádivas. Não nos sobrecarregamos nos serviços, pois é o Senhor quem nos inspira e dirige. E não nos frustramos nem nos envaidecemos com os resultados, pois eles pertencem ao Pai.
Dom sem amor torna-se opressor e aproveitador. Amor sem dom pode se tornar inoperante e ineficaz. O dom, quando movido pelo amor, encontra seu propósito no serviço, como Jesus nos ensinou. Num mundo em que muitos querem se servir dos dons que têm, Jesus nos convida a nos doar com os dons que recebemos. Sigamos confiantes! O Deus trino continua capacitando nossa vida para impactar esta geração.
Pr. Rodolfo Montosa