Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo. Pois livraste da morte a minha alma, das lágrimas, os meus olhos, da queda, os meus pés (Salmos 116.7-8).
A gratidão de Ana não só é profundamente tocante, mas também inspiradora. Sua conhecida história é narrada nas Escrituras Sagradas, no livro de 1 Samuel, capítulos 1 e 2.
O marido de Ana chamava-se Elcana, o qual tinha duas esposas. O nome da outra era Penina. O fato de Ana não poder ter filhos, posto que o Senhor lhe havia cerrado a madre, levou Penina a provocá-la excessivamente, irritando-a como verdadeira rival. Ana era uma mulher triste, abatida, não se alimentava bem. Nesse ambiente pesado e tenso, tinha se tornado uma pessoa de alma amarga com o passar do tempo.
Foi nesse contexto que essa mulher aflita subiu à casa de Deus, chorando copiosamente, e fez uma promessa ao Senhor: E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha (1 Samuel 1.11).
Depois de um longo período na presença de Deus, Eli, o Sumo Sacerdote, veio ao encontro dela assegurando: Vai-te em paz, e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste. E disse ela: Ache a tua serva mercê diante de ti. Assim, a mulher se foi seu caminho e comeu, e o seu semblante já não era triste (1 Samuel 1.17-18).
Passado o devido tempo, Ana teve um filho, a quem chamou de Samuel: Havendo-o desmamado, levou-o consigo, com um novilho de três anos, um efa de farinha e um odre de vinho, e o apresentou à Casa do Senhor, a Siló. Era o menino ainda muito criança. E disse ela: Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a petição que eu lhe fizera. Pelo que também o trago como devolvido ao Senhor, por todos os dias que viver, pois do Senhor o pedi. E eles adoraram ali o Senhor (1 Samuel 1.24, 27-28).
A história de Ana, a mulher que tomou seu sonhado filho, ainda na tenra idade, e dedicou-o ao Senhor numa forma de consagração e gratidão, termina assim: Abençoou, pois, o Senhor a Ana, e ela concebeu e teve três filhos e duas filhas; e o jovem Samuel crescia diante do Senhor (1 Samuel 2.21).
Vamos e venhamos, há tantas ocasiões em que cada um de nós se vê como Ana, sentindo-se um pobre ser humano em crise, marcado pela frustração, repleto de insatisfação. Sonhos e expectativas que não se concretizam.
Principalmente neste mundo atual tão intenso, em meio à tecnologia de ponta, encontros virtuais, rapidez nas interações. Ana simboliza muitos de nós. Apesar de casada, tão sozinha. Hoje, não obstante o mundo “perfeito” das redes sociais, muitos tão solitários, frágeis na parte psíquica e derrotados emocionalmente.
O riso fácil e a alegria contagiante do Instagram, por vezes não tão espontâneos, contrastam com a dureza da vida real e seus infortúnios.
Apenas Deus, com seu amor e zelo que jorram de fontes inestancáveis, é capaz de saciar a nossa sede e aplacar a nossa dor. Ana buscou-o no momento da angústia e, depois, rendeu graças no tempo da vitória.
A gratidão dela resultou em multiplicação (entregou um filho e Deus lhe deu vários outros). Um coração grato é como mina de água que quanto mais dá, mais recebe.
Rendamos graças a ele, sempre e sempre, porque tem sido nosso refúgio e lugar seguro nos tempos de dificuldade, tal como foi com Ana quando era estéril, milagrosamente tornando-a mãe de filhos.
Pr. Messias e João Marcos Anacleto Rosa