“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” (Mateus 28.18-20 – NAA).
No original do grego, Jesus utilizou-se da voz média para o verbo ir e o imperativo para o verbo fazer. Seus discípulos não deveriam ir primeiro para fazer discípulos, mas deveriam fazer discípulos enquanto e por onde fossem. Como se dissesse: sendo médico, faça discípulos; sendo professor, faça discípulos; sendo aluno, faça discípulos; sendo pai ou mãe, faça discípulos. Enfim, por onde passar, faça discípulos de Cristo.
Não deveriam fazer crentes, nem devotos, nem membros de igreja, nem seguidores de si mesmos, nem crentes consumidores. A vocação é para fazerem discípulos de Cristo enquanto vão. Vocação é um termo derivado do verbo no latim vocare que significa chamar. Vocação é, portanto, chamado. Em resumo: fomos chamados (vocacionados) por Cristo para fazermos discípulos de Cristo.
Acontece que somente conseguimos fazer discípulos de Cristo quando somos um deles. Somente podemos reproduzir a semente que recebemos, a natureza que ganhamos, a riqueza que herdamos. Esse discipulado tem algumas dimensões destacadas nessas últimas palavras de Jesus antes de subir aos céus.
Discipulado de Autoridade: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”. Na visão de Jesus, tudo começa a partir da autoridade e poder que recebeu no céu e na terra, na dimensão natural e espiritual. Autoridade no céu na dimensão natural é exercida sobre o Universo (Is 40.26); na espiritual é exercida sobre anjos, potestades e poderes (1 Pe 3.22; Cl 2.10, 15; Ef 1.20, 22). Autoridade na terra na dimensão natural é exercida sobre a natureza (Mc 4.41; Dn 7.13-14); na espiritual é exercida de maneira completa e cabal sobre a morte (1 Co 15.54; Ap 21.4). Não seguimos qualquer autoridade, mas a autoridade do nome de Jesus.
Discipulado de Doutrina: “Batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. O ato de batismo significa muito mais que a quantidade de água. Implica em inculcar, imergir, mergulhar na realidade do Pai, Filho e Espírito Santo. Isso desemboca na sã doutrina baseada na Palavra. Fazer discípulos vai além de simplesmente evangelizar. Inclui caminhar junto com base na Palavra. Não ensinamos qualquer palavra, mas a Palavra do Pai, revelada pelo Espírito e que aponta para Jesus.
Discipulado de Modelo: “Ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês”. Só ensinamos a guardar o que aprendemos a guardar. Só ensinamos a guardar se estivermos perto o suficiente. O modelo de ensino de Jesus não é teórico, mas prático; não é transmissão de conhecimento, mas de modelo de vida; não é informativo, mas formativo; não é só de palavras, mas de testemunho; não é oco, mas consistente; não está baseado em nós mesmos, mas na vida de Cristo em nós.
Discipulado não é dominação, mas é serviço baseado no amor; não é um programa, mas um estilo de vida; não é só para novos convertidos, mas para a vida toda; não é ministrado só por líderes, mas por jovens e pais na fé; não é instantâneo, mas um longo processo; não é feito seguindo fórmulas, mas feito na direção do Espírito Santo; não é impessoal, mas relacional; não é bajulação, mas assertivo; não aponta para si, mas aponta para Cristo. Vamos reformar em nós o que for necessário para cumprir a vocação de “Ser e Fazer discípulos de Cristo”.
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