E uma vez que eu, seu Senhor e Mestre, lavei seus pés, vocês devem lavar os pés uns dos
outros. Eu lhes dei um exemplo a ser seguido. Façam como eu fiz a vocês. (João 13.14-15 NVT)
Você teria disposição para lavar os pés daquele chefe prepotente? E do colega de trabalho
inconveniente? E do funcionário preguiçoso? E do familiar importuno? Somadas a estas,
muitas outras perguntas poderiam nos confrontar e nos deixar bastante desconfortáveis
diante do “lava-pés” registrado em João.
No capítulo 12 Jesus tinha tido seus pés ungidos por Maria, irmã de Lázaro. Na ocasião,
derramou um perfume caro e o enxugou com os próprios cabelos. O episódio incomodou
alguns que ali estavam. Na sequência, Jesus deixa Betânia e segue para Jerusalém, onde teve
uma entrada triunfal, inaugurando, assim, seus últimos dias antes da crucificação. Ali no
cenáculo onde estavam reunidos para uma refeição antes da Páscoa, Jesus e os discípulos
vivenciam este episódio tão marcante e ali vemos, mais uma vez, o amor prático de Jesus.
A mente e o coração de Jesus. Jesus sabia que havia chegado sua hora de deixar o mundo e
voltar para o Pai (João 13.1). Sabia que o diabo já havia instigado Judas, filho de Simão
Iscariotes, a trair (João 13.2). Também, Jesus sabia que o Pai lhe dera autoridade sobre todas
as coisas e que viera de Deus e voltaria para Deus (João 13.3). Nada estava oculto para Jesus.
Ele precisou lidar com todas estas informações sem perder o foco. Jesus se expressa por meio
de uma mente brilhante e atenta, e não sucumbe diante de possíveis emoções enganosas, pois
tinha um coração firme e um espírito inabalável. Planejou e praticou o amor com a mente e o
coração.
A humildade de Jesus. Assim, levantou-se da mesa, tirou a capa e enrolou uma toalha na
cintura. Depois, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés de seus discípulos (João
13.4-5). Era tradição lavar os pés antes de sentarem-se à mesa para uma refeição. E a tarefa
era designada ao servo mais inferior. Havia bacia, água, toalha, mas não havia o servo. Jesus
surpreende a todos ao lançar-se aos pés sujos daqueles homens que, há pouco, discutiam
sobre quem era o maior entre eles (Lucas 22.24). Amou de forma prática, real, humilde e
constrangedora, deixando um ambiente de embaraço e reflexão.
O ensino de Jesus. Depois de lavar os pés deles, Jesus vestiu a capa novamente, retornou a seu
lugar e perguntou: Vocês entendem o que fiz? (João 13.12). Sem crise emocional e revestido de
autoridade Jesus passa a ensinar aos discípulos sobre o valor daquele gesto. O servo
verdadeiro não busca ser o primeiro, nem serve para impressionar. E não dá para interpretar
esta passagem sem considerar que ele tinha amado seus discípulos…e os amou até o fim (João
13.1). A ideia não era instituir um ritual, mas promover um ensino prático sobre o verdadeiro e
mais profundo amor que a humanidade conheceu. Jesus ensina que o serviço genuíno é o
amor na prática.
Vamos trilhar o caminho do amor, buscar ter a mente e o coração de Jesus para agirmos com a
humildade de Jesus, e que as nossas ações ensinem ao mundo a respeito de quem é, de fato, o
Senhor. Ainda que ninguém entenda, vamos praticar o amor. Ainda que não sejamos
reconhecidos, vamos praticar o amor. Ainda que seja constrangedor, vamos praticar o amor.
Agora que vocês sabem estas coisas, serão felizes se as praticarem (João 13.17).