Cerca de oito dias depois de proferidas estas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao monte com o propósito de orar (Lucas 9.28).
O Monte Tabor está situado a 16 km a sudoeste do Mar da Galileia. Era o limite da herança da tribo de Issacar (Josué 19.22). Em seus 575 metros de altitude, durante o juizado da profetiza Débora, Baraque e suas tropas reuniram-se neste monte (Juízes 4.6), onde o Senhor derrotou os cananeus (Juízes 4.14s). O poeta salmista combinou o Tabor com o Hermon em exultação ao nome do Senhor (Salmos 89.12). Jeremias o utiliza para comparar ao Rei Nabucodonosor (Jeremias 46.18), e Oseias para dizer da severidade de Deus em relação a Israel (Oseias 5.1). Apesar de não citado no Novo Testamento, sua maior fama vem da tradição de que foi nele onde aconteceu a transfiguração de Jesus. Essa “tradição foi bem estabelecida no ano de 326 d.C., quando Helena, a mãe de Constantino, construiu o primeiro templo cristão no seu topo”. Mais importante que o monte em si, é o que aconteceu ali. A experiência sobrenatural de Jesus com seus discípulos no monte revela importantes aspectos para desenvolvimento da nossa espiritualidade:
Espiritualidade baseada na comunhão: Cerca de oito dias depois de proferidas estas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao monte … Jesus levou seus amigos consigo para nos ensinar que existe uma dimensão de nossa espiritualidade que se desenvolve na plenitude da comunhão dos irmãos na fé. Nada de ficar isolado!
Espiritualidade baseada na oração: com o propósito de orar. E aconteceu que, enquanto ele orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura (Lucas 9.29). Oração é relacionamento, comunhão e intimidade com Deus e, necessariamente, transfigura nosso semblante à semelhança de Deus. Não considere o relato do quanto uma pessoa ora, mas considere o quanto de Cristo pode ser identificado nela.
Espiritualidade baseada nas Escrituras: Eis que dois varões falavam com ele: Moisés e Elias, os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém (Lucas 9.30-31). Moisés, cujo corpo Deus reclamou para si (Deuteronômio 34.6; Judas 1.9), representa a LEI e Elias, que foi arrebatado (2 Reis 2.11), representa as PROFECIAS. Tudo converge em Cristo (Romanos 10.4; Lucas 24.44).
Espiritualidade equivocada: façamos três tendas (Lucas 9.33). Apesar de Pedro demonstrar o desejo de prolongar aquela experiência divina – e nada há de errado nisso – suas palavras foram ignoradas pela sequência de acontecimentos, até porque disse aquilo, pois não sabia o que dizer.
Espiritualidade cheia de temor a Deus: veio uma nuvem e os envolveu; e encheram-se de medo ao entrarem na nuvem (Lucas 9.34). Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais! (Mateus 17.6-7). Temor conduz à reverência, obediência e santidade.
Espiritualidade Cristocêntrica: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi (Lucas 9.35). Apesar da importância da Lei e dos Profetas, tudo se encerra e se consolida em Jesus. Jesus ofusca tudo o mais. Ele é plenamente suficiente. Ele é apresentado em beleza e glória. Tiveram uma antevisão do Rei dos reis e Senhor dos senhores.
O Monte Tabor é o lugar onde Jesus se revela em maior profundidade ao nosso coração. Cresce nossa adoração em meio ao temor, nossa confiança em meio à manifestação de sua glória e beleza. Vamos escalar esse monte!
Rodolfo Montosa
