Um dos mestres da lei estava ali ouvindo a discussão. Ao perceber que Jesus tinha respondido bem, perguntou: “De todos os mandamentos, qual é o mais importante?”. Jesus respondeu: “O mandamento mais importante é este: ‘Ouça, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua mente e de todas as suas forças’. O segundo é igualmente importante: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Nenhum outro mandamento é maior que esses” (Marcos 12.28-31– NVT).
Não bastasse a Lei Escrita do Torá por intermédio de Moisés, os religiosos produziram a Lei Oral do Talmud, com seus 613 mandamentos, 248 positivos (o que fazer) e 365 negativos (o que não fazer). Diante dessa enorme quantidade de regras, natural que um dos mestres da lei tivesse a dúvida genuína: O que é mais importante? Ao recitar o Pentateuco (Deuteronômio 6.5; Levítico 19.18), a resposta de Jesus, como sempre, é sábia, simples, direta, libertadora apontando o mais importante.
Em sua resposta, Jesus identifica o amor como chave. Jesus sabe muito bem que os seres humanos foram feitos para amar. Em certa ocasião, quando dois discípulos de João Batista começaram a segui-lo, foi direto ao perguntar (João 1.37-38): O que vocês querem? Ele não perguntou: O que vocês conhecem? O que vocês pensam? O que vocês creem? Jesus sabe que somos governados pelo que (ou quem) amamos, e não pelo que pensamos. Aquilo que almejamos profundamente, aquilo que ansiamos com toda vontade, é o que molda nosso ser. Somos formatados pelo que nos cativa, atrai, seduz.
Em sua resposta, Jesus percebe a desordem dos amores. Jesus sabe muito bem que o pecado entrou na história da humanidade e desfigurou nossa capacidade de discernir a correta hierarquia dos nossos amores: (1) amamos o que não deveríamos, (2) deixamos de amar o que deveríamos, (3) amamos mais aquilo que deveríamos amar menos, (4) amamos menos aquilo que deveríamos amar mais. Certa ocasião, um homem de destaque o abordou desejando herdar a vida eterna (Lucas 18.18-27), quando Jesus lhe apresentou alguns mandamentos aos quais o homem respondeu que já observava desde a infância. Ao olhar mais profundamente, Jesus identificou seu maior amor e disse que deveria vender tudo o que tinha e dar aos pobres, ao que o homem recusou e seguiu seu caminho longe de Jesus. De fato, estamos perdidos entre amores que nos seduzem.
Em sua resposta, Jesus coloca ordem nos amores. Jesus sabe muito bem a quem e como devemos amar. A quem, em primeiro lugar: amar o Senhor, seu Deus. Todo ser humano ama algo ou alguém acima de tudo ou todos. Se este algo ou alguém o ama acima de tudo ou todas as coisas é a perspectiva que faz toda a diferença. A reciprocidade no amor é medida segura se estou correto no meu amor. Cristo nos amou acima de si mesmo. Não há amor maior do que esse. Por isso, amar a Deus em primeiro lugar é o único jeito de alinharmos nossos amores definitivamente. No ensino de Jesus, para amar a Deus preciso (1) amar o Filho (João 16.27), amar sua Palavra (João 14.15, 21, 23) e amar suas ovelhas (João 21.15-17). Como: de dentro para fora – coração, alma, mente e forças. Começa pelas entranhas, nossos desejos mais profundos, passa pela afetividade de nossas emoções, percorre nossos pensamentos, concretiza-se no nosso corpo amante do Senhor. Das vísceras aos hábitos. Isso acontecendo, todos os demais amores se alinharão na nossa vida: amor próprio equilibrando-se ao amor ao próximo e assim sucessivamente. Nenhum outro amor causará dano, mas cumprirá seu propósito.
Somos seres movidos pelo amor. Nossa vida caiu em desordem nos amores que nos seduzem. Jesus é o amor que nos atrai e traz ordem. Definitivamente, o mais importante é o amor ao Senhor.
Pr. Rodolfo Montosa