Esaú correu ao encontro de Jacó e o abraçou; pôs os braços em volta do pescoço do irmão e o beijou. E os dois choraram (Gênesis 33.4 – NVT).
A história dos gêmeos Esaú e Jacó foi marcada por conflitos. Em Gênesis 27, lemos que, em conluio com sua mãe, Rebeca, Jacó enganou seu pai passando-se por Esaú para roubar-lhe a bênção da primogenitura. Tomado de ódio, Esaú decidiu matar Jacó, que fugiu para as terras de seu tio Labão, a quem serviu por longos vinte anos. Nesse período denso, assim como enganou o irmão, foi enganado pelo tio, que veio a ser seu sogro; conquistou propriedades e formou uma grande família, que deu origem às tribos de Israel.
Após esse longo período, conforme Gênesis 28 a 31, Jacó rompeu com Labão e decidiu voltar para Canaã, terra de seu pai. Já marcado pela vida, Jacó queria apenas voltar para casa na esperança de que seu irmão o recebesse amistosamente. Mas a notícia que recebeu foi que Esaú estava vindo ao seu encontro com centenas de homens. Jacó ficou apavorado, e, em oração, pediu a Deus: Salva-me de meu irmão, Esaú. Estou com medo (Gênesis 32.11 – NVT).
Foi nesse ambiente de vulnerabilidade e incerteza que Jacó teve a maior experiência de sua vida. Veio então um homem, que lutou com ele até o amanhecer…tocou a articulação do quadril de Jacó e a deslocou. Após essa intensa luta, o homem disse: “Seu nome não será mais Jacó. De agora em diante, você se chamará Israel”… Jacó chamou aquele lugar de Peniel, pois disse: “Vi Deus face a face” (Gênesis 32.24-30 – NVT). Essa experiência gerou quebrantamento e transformação. Era tudo que Jacó, agora Israel, precisava para que houvesse uma verdadeira reconciliação. Amar é reconciliar, mas como viver isso diante de um cenário tão desafiador? Eis algumas conclusões.
Sem arrependimento não há reconciliação. Mesmo com medo, o novo Jacó partiu em direção a Esaú, colocando-se à frente do rebanho e de toda família. Arrependido e mancando, decidiu enfrentar Esaú, não mais como um rival, um homem a ser vencido, mas como o irmão com quem não deveria ter rompido jamais e entendeu que amar é se arrepender e reconciliar.
Sem humildade não há reconciliação. Ao aproximar-se de seu irmão, curvou-se até o chão sete vezes (Gênesis 33.3 – NVT). A coragem de enfrentar Esaú e sua reverência em prostrar-se mostrou que Jacó, além de arrependido, estava realmente transformado e sedento dessa reaproximação e esse foi o ambiente onde perceberam que amar é se humilhar e reconciliar.
Sem perdão não há reconciliação. Se as atitudes de Jacó demonstraram desejo de reconciliação, a atitude de Esaú demonstrou sua decisão de perdoar o irmão. Esaú correu ao encontro de Jacó e o abraçou…e os dois choraram (Gênesis 33.4 – NVT). Mesmo com todos os motivos para se vingar, Esaú decidiu perdoar Jacó. Nesse cenário, ambos nos mostram que amar é perdoar e reconciliar.
Como seria o encontro de Jacó e Esaú, se o Senhor não tivesse se manifestado? Jacó viu o Senhor face a face (Gênesis 32.30) e teve grande alívio ao ver o sorriso amigável do irmão, foi como ver a face de Deus (Gênesis 33.10). Os irmãos foram transformados e, de forma profética, vivenciaram o que Jesus mais tarde ensinou: Seu amor uns pelos outros provará ao mundo que são meus discípulos (João 13.35 – NVT).
Pr. Daniel Zemuner