Salmos 133
Esse belo, pequeno e precioso salmo de Davi era cantado pelos peregrinos quando se dirigiam a Jerusalém, em caravanas, para adorarem a Deus. Suas frases revelam verdades espirituais a respeito do poder da unidade, que devem ser perseguidas nos dias de hoje.
1Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!
O reino de Davi foi marcado pela unidade de todas as tribos, de norte a sul. Como um grande guerreiro e comandante de exércitos, Davi sabia muito bem quão vulnerável o povo estava quando ficava dividido diante de um inimigo. Em seu reinado, Israel foi duramente atacado por todos os lados, mas colecionou vitórias no poder da unidade. Aliás, a maturidade de Davi como guerreiro o fazia discernir claramente quem era seu inimigo. Por essa razão que, mesmo sendo duramente perseguido pelo rei Saul por cerca de uma década, jamais o atacou, pois não o considerava inimigo. Quando o verdadeiro inimigo é identificado, nasce uma nova dimensão da unidade. O povo para de brigar entre si e começa a se proteger, a se prestigiar, a se apoiar, a conjugar os verbos na primeira pessoa do plural e não do singular. De fato, a unidade derrota o inimigo. Povo unido e inimigo vencido revelam como viver em unidade é bom e agradável.
2É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes.
Arão era o sumo-sacerdote, ungido, separado e consagrado ao Senhor. Sua principal função era oferecer os sacrifícios perante Deus para expiação dos pecados do povo. Nas palavras do profeta Isaías, a unção despedaça o jugo do pecado (Isaías 10.27). Esse óleo precioso foi descendo de geração a geração até chegar sobre a cabeça de Jesus, o Messias, o Cristo, o Ungido de Deus para quebrar o jugo do pecado de maneira definitiva. Ao invés do mau cheiro do pecado, esse óleo precioso é um bom perfume (2 Coríntios 2.15). Se por um lado, a discórdia, intriga, briga, desunião cheiram mal, por outro lado a harmonia, entendimento, amizade e unidade perfumam qualquer ambiente. Óleo derramado e jugo do pecado vencido revelam como viver em unidade cheira bem.
3É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre.
Nas regiões pouco chuvosas o orvalho exerce o papel importante para a umidificação do terreno. Na Palestina ele é essencial e imprescindível. A umidade vem do Mediterrâneo durante os dias de verão e depois cai sobre a terra sob forma de orvalho, com o resfriamento noturno. Algumas zonas costeiras chegam a ter cerca de 200 noites com orvalho por ano, o que lhes fornece a quarta parte da sua umidade. Por isso não é difícil entender porque o orvalho tem tamanha importância na vida dos povos bíblicos. O Hermom é o monte mais alto de Israel, onde o orvalho era mais denso. Do orvalho vem a água. Da água regando a terra vem o alimento e a vida. Daí sua importância para que houvesse provisão para todo o povo. Orvalho derramado e terra regada revelam como viver em unidade libera a bênção.
A repetição da expressão desce (vv 2 e 3) indica a direção de cima para baixo que traz integração: de Deus para seu povo, do velho para o novo, do pai para o filho, do rico para o pobre, do culto para o inculto, do sábio para o tolo, do habilidoso ao inábil, do mestre ao aprendiz, do líder ao liderado, do discipulador para o discípulo.
A falta de unidade nos fragiliza perante o inimigo, nos torna vulneráveis perante o pecado e retém a bênção já conquistada pelo Senhor para seu povo. Por outro lado, a unidade nos faz fortes, santos e prósperos. Viver em amor é viver em unidade.
Pr. Rodolfo Montosa